A necessidade de procurar a felicidade em gente que não nos faz bem

“Uma das coisas que eu mais quero descrever é a nossa necessidade de boicotar a felicidade. Mas não sei como começar”

“Por que você não quebra isso em pedaços, e dá nome pra mente das pessoas como se elas fossem personagens?”

E chegamos aqui. Depois de mil rascunhos mal sucedidos, para falar sobre um sentimento que pertence a todos nós: a necessidade de procurar a felicidade em coisas que nos fazem infelizes. Estrelando: Roberta.

A Roberta só se envolve com gente problema. Com aquele cara que namora mas dá em cima de outras cinco, com aquele que está a usando para fazer ciúmes em outra, com outro que está claramente indisponível emocionalmente. E sabe o que é pior? Se um homem interessante/solteiro/disponível se aproxima dela, ela tem certeza que ele deve ter alguma coisa errada. Mas por que a Roberta é assim?

Teoria 1: o momento dela pede que ela seja solteira, mas ela não respeita isso

No subconsciente da Roberta, essa não é a hora de se envolver. Ela pode ter planos de se mudar, de economizar dinheiro, de viajar sozinha. Planos que ela quer atingir, mas que não seriam palpáveis se envolvessem mais uma pessoa. Ainda assim, a sociedade impõe que pessoas têm que vir em casais, e ela concorda com isso. Ela é carente, e quer contar o seu dia para alguém antes de dormir. E não, não pode ser para uma amiga (enquanto toma uma cerveja). Por isso, a Roberta procura um cara, mas o subconsciente dela impede que ela encontre o cara “certo”, porque eu, você e ela sabemos que agora não é a hora.

Uma sugestão: Roberta, relaxa essa vibe.

Teoria 2: ela acha que ela não vai achar nada melhor

A Roberta ficou tanto tempo em uma relação, que acabou tomando aquilo como referência do melhor que vai conseguir. Parece que ela adaptou os planos à pessoa com quem está, e acabou aceitando esse cenário como o único possível. Ou seja, se a Roberta só vê um tipo de futuro, ela vai se restringir às características do único protagonista que se encaixa nele.

Uma sugestão: Roberta, às vezes é melhor ter a dúvida de mil futuros bons, do que a certeza de um meio merda. E sim, se o cara te faz mal, o seu tá meio merda.

Teoria 3: o que ela procura não condiz com a forma que ela procura

A Roberta quer um cara culto, que lê, e que não se importa com aparências. Ela quer um cara que goste de tipos não óbvios de música, e que conheça outros tipos de bebida além de cerveja pilsen. Mas TODOS os rolês que ela dá são na balada de gente que bebe pilsen, onde não dá pra falar com ninguém porque a música está muito alta, e o pré-requisito para ser xavecado é estar nos padrões europeus de beleza.

Uma sugestão: Roberta, não precisa deixar de se divertir na balada, mas talvez você não encontre lá o que você tanto procura. Que tal mudar de vez em quando para uma festa de amigos legais, uma peça de teatro, um jantar temático, uma degustação, um sarau,  um lançamento na livraria, um rolê no SESC…

Teoria 4: ela acha que não merece nada melhor do que isso

“Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos” – talvez a frase mais verdadeira de As Vantagens de Ser Invisível.

Eu quero falar, com a melhor das intenções, que talvez hoje de fato a Roberta não “mereça” algo melhor. E quero me explicar. Ninguém merece sofrer, ninguém mesmo. Mas para conhecer alguém legal, no mínimo ela tem que ser legal.

É muito egoísmo querer uma companhia para todas as horas, se tudo o que ela tem vontade de fazer é a monotonia do sofá. Querer alguém que lê, se ela não pega num livro há anos. Alguém que se interesse por política, se ela não lembra em quem ela votou. Querer alguém que a trata com carinho, se ela trata o resto do mundo com indiferença. Querer alguém interessante, quando ela só tem um interesse: um ~amor~.

O que eu estou tentando dizer é que para estar ao lado de alguém que agregue, ela PRECISA agregar também. E eu não tô falando de emprego/bens materiais não. Tô falando de passatempo, de atividades, de coisas únicas, do que acalma a alma, sabe? Do que a faz sorrir, e pensar em outras coisas que não o ~desejo de um amor~.

E para me redimir por ter falado que ela não merecia, quero olhar no olho da Roberta e dizer que ela tem a sorte de estar viva e de ter uma mente ativa. E que ela é especial de tantas formas, e que ela merece cada segundo de felicidade, mas que essa felicidade não vai cair do céu. Nem dos braços do príncipe encantado, porque mesmo que ele existisse, ele seria um mala, vamos combinar.

Uma sugestão: Roberta, faça tudo o que você tem vontade de fazer, e seja exatamente a pessoa que você acha que “merece mais” do que você. Porque dá. Dá pra começar hoje até. Agora. E no fim, quem era o cara que te fazia sofrer mesmo? É, só mais um cara… Você merece mais, finalmente.

Roberta, eu desejo que você seja o que você quer ser. O cara do lado (se você quiser) é consequência.

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Special thanks ao Mr. Pedro Henrique pela ideia da Roberta 😉

 

Ane

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